quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Tiririca, Romário e Bebeto são do povo e têm direito de representar o povo

Acompanho com preocupação e indignação o posicionamento de parte da imprensa e de muita gente que se acha inteligente em relação a alguns brasileiros que se elegeram deputados em 3 de outubro.

O caso mais preocupante para mim é o do Tiririca. O popular humorista virou exemplo do voto “errado”. As suspeitas de que Tiririca seria analfabeto engrossam o caldo e podem levar à cassação de seu mandato mesmo antes dele assumir.

Fico me perguntando: o que desqualifica Tiririca para ser deputado, sua precária educação formal? Quem afirma isso está chamando de burro quase um milhão de pessoas que nele votaram. Quem afirma isso também deve assimilar com dificuldade o fato de Lula ser o mais popular e, na minha opinião, o melhor presidente da história do Brasil.

No fundo, isso não passa de ódio de classe. O mesmo ódio que alimenta a campanha fascista do PSDB contra Dilma; o ódio de ver que as pessoas mais pobres estão tomando o poder para si, pois cansaram de ser roubadas e enganadas.

Para desqualificar o Tiririca, a imprensa se apóia num tipo de preconceito difícil de ser combatido que é o preconceito linguístico. As dificuldades de acesso à educação formal excluem milhões de brasileiros do mercado de trabalho e os priva de condições de vida dignas. Na prática são tratados como burros, sem cultura.

É como se aos bem nascidos fosse garantido o direito de mandar, eu aos menos afortunados o direito e o dever de obedecer.

Dificuldades para lidar com o registro formal de língua escrita podem limitar, mas não vão necessariamente impedir alguém de ser representante do povo. Nada que uma boa assessoria não possa resolver.

Sobre Romário e Bebeto, heróis do tetracampeonato de futebol de 94, a grita é menor, mas existe. O que os desqualificaria? Não são analfabetos e são queridos pelo povo. Qual é o problema? Estão do lado de Lula, o que para mim é muito bom.

Não sei se eles farão bons mandatos, mas isso depende deles. Todos tem condições  de fazer o bem, de defender o povo que os elegeu e confiou neles. O mesmo povo que eles tantas vezes encantaram, seja nos gramados ou na frente de uma câmera de TV. 

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