terça-feira, 19 de junho de 2012

O início, o fim e os meios

Virou assunto obrigatório e motivo de críticas de todos os lados. Indignados unidos desde a esquerdalha, que aponta com autoridade; da direita, que se ri da deixa; e da própria militância mais aguerrida, que se mostra envergonhada, indignada. E não é pra menos: para tentar eleger Haddad prefeito de Sampa, Lula foi ao inferno e fez um belo acordo com o capeta: abraçou-se àquele que representa tudo de mais baixo no imaginário político do politicamente correto: Paulo Salin Maluf.

Não sinto nem vontade de fazer julgamentos de valor, pois... já tem tanta gente apontando. O que me interessa é perguntar se isso é mesmo necessário. E não quero também saber de contas, tipo, “veja bem, se o Maluf pendesse pro Serra...”. Pois com ou sem Maluf, Haddad pode se eleger ou não. A pergunta que vai ficar é se esse fim justifica os meios. Quem tiver estômago de avestruz, fique à vontade para responder.

Sobre Lula, acho que ele está dando dois recados, talvez até sem querer. O primeiro é que o câncer não o tirou de combate e que para provar isso vai eleger o Haddad, pelo bem de São Paulo, pelo bem do projeto político dele e do PT. O segundo, derivado do primeiro, é que da biografia dele, ele mesmo cuida. Não seria a primeira vez (e tomara que não seja a última) que Lula tomaria decisões tidas como perigosas e bancaria o jogo vencendo no final. Dilma é um pouco a prova viva disso.

Mas a pergunta persiste: isso é mesmo necessário?

Por que tem o Netinho de Paula com o PCdoB e diversos outros atores... Mas também tem o Serra do outro lado, então vacilar não seria muito indicado.

Aqui em Curitiba o PT vai de Gustavo Fruet, muito diferente de Maluf, mas resultado do mesmo tipo de pragmatismo. Se Maluf é mais sujo que pau de galinheiro, Fruet continua insistindo na tese do mensalão. Os casos são diferentes, mas a busca de um fim escancara meios de fazer política que acabam afastando e decepcionando muita gente boa.

O PCdoB, meu Partido, acabou de formalizar o apoio a Ratinho Júnior. Também filho e herdeiro de um estigma que passa abaixo do aceitável no imaginário político politicamente correto. Mas ele não é corrupto (a priori) nem fica mudando de lado, pisando em ovos, ou tendo de explicar comos ou porquês. Não sei se isso é suficiente, sua atuação como parlamentar sempre foi de bom nível; vamos apostar.

El Ducci vai tentar usar no que der a vitrine federal de fazer parte da base de apoio da presidenta Dilma. Vai inclusive tentar neutralizar a participação de Dilma e Lula na disputa de Curitiba. Difícil saber quem tem mais o que explicar, ou esconder, ou desconversar: Ducci & Beto ou Fruet & PT.

Na pesquisa datapovão da minha sogra vai dar Ratinho Jr. Eu não duvido. Pena que, como num clássico de futebol, esse jogo será decidido nos detalhes; justamente lá onde mora o diabo.

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