segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Caderno G: Um espelho do mundo contemporâneo

Do Caderno G (rpc.com.br)

“Tudo o que eu faço, no que diz respeito à música, tem a ver com o blues”, diz o compositor Koti

O músico e compositor Klaus Koti, paulista radicado em Curitiba, dedica-se integralmente à criação nos projetos O Lendário Chucrobillyman Monobanda Orquestra e Os Penitentes

Publicado em 24/10/2010 | MARCIO RENATO DOS SANTOS

Klaus Koti dedica todo o seu tempo à música e tem receio de um dia não encontrar mais sentido na arte. “É só um temor. Mas será que sempre vou ter gás para seguir fazendo música?”, pergunta-se o cantor, músico e compositor de 30 anos, com mais de uma dezena de álbuns gravados. Ele já compôs uma centena de canções. Apresentou-se em inúmeros palcos, de Belém (PA) a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Koti tem diversos projetos. O mais conhecido é a proposta artística na qual ele se apresenta sob o nome de O Lendário Chucrobillyman Monobanda Orquestra. Trata-se de uma performance solitária: ele toca instrumentos de percussão ao mesmo tempo em que empunha uma guitarra, ou viola caipira, e ainda canta. Neste ano, ele participou do programa Experimente, exibido no canal Multishow, e o resultado foram cumprimentos e elogios nas ruas, além de convites para shows em diversos pontos do país.

O paulista de Itararé demonstra ser, realmente, inquieto e produtivo. Dia desses, encasquetou que iria fazer dez canções em menos de 24 horas. Detalhe: a meta seria elaborar letras e melodias. O resultado virá à tona ainda em 2010, por meio de um álbum da banda Os Penitentes, da qual ele é o líder.

Koti não para, e demonstra ter vontade permanente de ampliar os horizontes. Foi esse impulso que fez com que deixasse Itararé para morar em Curitiba, durante a década de 1990. O objetivo era estudar. Cursou Desenho Industrial no antigo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet) e bacharelou-se em Gravura na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap). Mas, entre uma e outra aula, aprendeu, sozinho, a tocar diversos instrumentos musicais, de guitarra havaiana a bumbo.

Entre 2000 a 2004, Koti fazia parte da banda Handevu, e o repertório autoral chamou a atenção de curiosos e observadores da cena musical. A morte inesperada de um dos integrantes do conjunto deixou o compositor abalado e fora do circuito de shows.

Mas ele não ficaria sem tocar.

A partir do exemplo do músico norte-americano Hasil Adkins (1936-2005), que era “uma banda de uma pessoa só”, ele teve a inspiração para criar o O Lendário Chucrobillyman Monobanda Orquestra.

Desde 2005, Koti segue a fazer música e já esteve envolvido com muitos cantores, bandas e movimentos sonoros. No momento, ele também participa de uma outra iniciativa, o duo Thee Lo-Hi’s, ao lado de Carol, integrante do grupo As Diabatz.

Koti, que parece ter dificuldade para permanecer parado, anuncia que pode sair, temporariamente, de Curitiba. Pretende fazer um curso de pós-graduação em São Paulo. Mas voltará para a capital do Paraná, para ele, um bom lugar para viver.

Já excursionou pela Europa. Rodou um longa-metragem (que precisa ser finalizado). Realizou videoclips. O músico conta que sente necessidade, orgânica até, de compor as músicas que, como ele diz, pedem para serem feitas.

De alguma maneira, o músico justifica o fato de ter cursado Gravura na Belas Artes: ele diz ter um método. Em um primeiro momento, ele imagina uma cena. Por exemplo, uma cidade onde os mendigos podem fazer tudo. Ou, então, uma estação rodoviária, na qual um homem é baleado. A partir das imagens, surgem as canções. Koti também fala, em suas letras, daqueles que se perdem pela vida ou se embriagam em oceanos de uísque.

O cronista urbano não sabe o que o futuro dirá, mas, enquanto isso, segue a fazer o registro do que se passa pela sua cabeça, que reflete o mundo contemporâneo.

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