quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Meus ouvidos temem pela década que está começando

A música pop vive de ciclos. Vive em ciclos. Aliás, essa é uma artimanha de diversos setores que lidam com estética. Mas a música pop costuma ser óbvia e o que acontece é que em cada década costuma-se fazer revival e se apropriar de elementos da penúltima.

Assim foi nos anos 80 e a retomada da psicodelia e a simplicidade pelos pós-punks que beberam dos clássicos sixties. Assim foi nos 90 e a repetição de elementos musicais e visuais do hard rock setentista. Assim foi nos 00, retomando o pós-punk e o synth pop dos 80... (ai que meda desses anos 10 que estão começando!)

Sei que ainda é cedo para avaliar os 00 que acabaram há menos de um mês. Mas, na minha opinião, o indie (leia-se pós-punk) e o eletro (tecno-synth-pop-blasé) dominaram a década. E para mim, os Arctic Monkeys e a Miss Kittin foram os dois grandes nomes, cada um na respectiva vertente.

Podem falar em new rave, eletro clash, minimalismo, maximalismo, e o escambal de nomes, mas tudo esteve para um lado ou para outro, com alguns conseguindo fazer até uma certa ponte (Friendly Fires, por exemplo). Mas isso tem um limite. O esgotamento estético desses filões se deu provavelmente em algum início de semana de 2007, depois do lançamento de All My Friends (LCD) ou quando as canções do Ladytron deixaram de se parecer com as dos Pet Shop Boys e perderam o sal.

Bom, os puritanos da minha geração que espremiam espinhas ouvindo Smiths e New Order vão dizer que tudo foi cópia em péssima xerox com o cilindro riscado e pouco toner. Mas houve algo em Franz Ferdinand que honrou Echo and The Bunnymen, e talvez Ian Curtis nem dê tantas voltas no caixão por causa de Interpol e She Wants Revenge, mas opinião todo mundo tem. Pra mim nem foi tão ruim.

Mas acabou. E agora?

Eu não suportaria outra década de Pear Jam. Se voltarmos aos 90 e aos 70 de novo, eu juro que vou ouvir jazz.

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